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Channel: Timor Agrícola
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Ai-salaka: ai-fuan ka samea ? Salaca: fruto ou réptil ?

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O fruto da palmeira salaca (Salacca zalacca ) aparece à venda pelos mercados de Dili. Este fruto é muito consumido também na Indonésia. Cultiva-se desde a Tailândia até Timor.
Esta palmeira é pouco alta, muito espinhosa e apresenta muitos caules a partir da base. As folhas têm forma de pena e são espinhosas. Os frutos são drupas alaranjadas ou acastanhadas, com a superfície revestida de escamas. No interior contêm 1-3 sementes envolvidas num tecido amarelo pálido comestível. As sementes são de secção triangular e compactas.
 Em Timor-Leste encontramos exemplares da salaca em Dare (Missão Lopes) e em Railako, junto à estrada para Ermera.
Esta palmeira desenvolve-se bem até aos 500 m de altitude e precisa de 1700 a 3100 mm de chuva anuais. Como as suas raízes são muito superficiais, vai bem em  terras frescas nos  solos arenosos de zonas baixas, junto aos cursos de água. Nas zonas de estação seca é por isso conveniente regar. Coisa rara no mundo das palmeiras: gosta da sombra de outras árvores.
Produz frutos a partir dos 3 ou 4 anos de vida, até aos 50 anos ou mais. As salacas podem ser cultivadas por sementeira no local definitivo, colocando-se 2 a 5 sementes num buraco com 5 cm de fundura. Também podem ser cultivadas num viveiro e transplantadas para o campo no início da estação das chuvas.
As sementes tiradas da fruta fresca germinam rapidamente, por vezes até à superfície do solo, se as condições forem húmidas e com bastante sombra. Fora do fruto as sementes morrem rapidamente.


Fruto inteiro mostrando a casca escamosa
(foto do autor)

Fruto e semente
(foto do autor)


Normalmente cultivam-se as salacas em sistemas horto-frutícolas mistos, com bananeiras, mangueiras, fruta pão e jacas. As plantas são dióicas, pelo que devemos plantar 2 a 20% de machos dispersas por meio das plantas femininas.  Plantam-se com compassos de 2 até 6 m.
Até as folhas das palmeiras ensombrarem bem o terrreno tem que se mondar para evitar a morte das jovens plantas. Conforme vai crescendo a palmeira perde vigor, pelo que os agricultores puxam o espique para o solo, para que as raízes aéreas que se formam junto à coroa das folhas enraizem.
Em muitas zonas faz-se a polinização manual das flores femininas, tal como na cultura da baunilha. A poda dos frutos pode ser necessária para que se desenvolvam melhor.

Para além de serem consumidos frescos, na Indonésia processam os frutos da salaca de várias maneiras: conservados em calda de açúcar (manisan salak), em pickles (asinan salak) e em salada de frutos ainda verdes com especiarias (rujak). Os frutos maduros podem ser enlatados.

A polpa da salaca é fresca e crocante. O seu sabor parece uma combinação de maçã, ananás e banana.
Na Indonésia, onde a cultura é exclusivamente uma produção de pequenos agricultores, só uma pequena parte da produção é exportada, fresca, enlatada ou caramelizada, principalmente para ou através de Singapura.

A colheita faz-se quando os frutos atingem 5-7 meses, ou antes caso a chuva promova o desenvolvimento de fungos. Apanham-se os frutos cortando o ramo com uma faca em forma de anzol. Enquanto nas zonas mais secas a produção é sazonal, naquelas onde se rega ou as chuvas ocorrem todo o ano a produção é mais regular. Um pomar de salacas produz aproximadamente 5 a 15 t/ha/ano.
Os frutos não podem ser colhidos completamente maduros. Aguentam-se 2 a 3 dias em cestos de bambú, ou no máximo uma semana em condições de calor e humidade. A mínima lesão implica o apodrecimento rápido. Conservam-se durante 1 a 2 semanas se mantidos a 12ºC, mas os de algumas cultivares melhoradas têm períodos de conservação mais alargados, podendo ultrapassar 1 mês.

Nas cidades indonésias tem aumentado a procura por este fruto e os preços são altos. Após os primeiros anos sem produção, um pomar de salacas aguenta-se com relativamente poucos cuidados ou despesas. Todavia é dificil exportar esta fruta pois estraga-se rapidamente. Presentemente estuda-se a propagação vegetativa das plantas de alta qualidade.
Em Timor-Leste é provável que esta cultura encontre as melhores condições nas zonas mais húmidas da costa sul, integrada em eco-turismos que promovam o consumo de produtos locais.

Para saber mais:
Fruticultura Tropical. J. E. Mendes Ferrão, volume III, IICT, Lisboa, 2002.
http://www.worldagroforestry.org/

A abóbora é importante na dieta timorense

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A abóbora ou lakero, na lingua tétum, é das culturas hortícolas mais importantes de Timor. Cultiva-se nas hortas que envolvem as casas, onde o terreno acumula muita matéria orgânica dos detritos domésticos e do gado e que esta planta necessita em grande quantidade. Cultiva-se também em cultura mista, com a mandioca e os  inhames, em estratos que protegem bem o solo da erosão e do calor. Curiosamente em Timor consome-se bastante a flor da abóbora depois de frita. A planta aproveita-se toda pois os animais consomem as folhas e os caules no final do cultivo.


Junto à estrada,  na entrada de Batugadé, onde fizemos esta foto, concentra-se um grande número de postos de venda de produtores de abóbora. Esta região produz abóboras em grande quantidade. Talvez os agricultores aproveitem o estrume das vacas balinesas, de que esta região é também grande produtora.

Conhece a Tara-Bandu? Ita hatene Tara-Bandu ?

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Numa aldeia costeira de Timor-Leste um homem preside a um ritual e consulta os espíritos dos antepassados, sob a copa de uma árvore, enquanto o Secretário de Estado das Pescas, autoridades locais e pescadores observam. A cada participante foi entregue uma folha de palmeira areca para marcar a sua presença e para que se recorde do que ficou combinado na reunião: decisões colectivas no acesso a áreas de pesca, terra e recursos florestais.


Chamada Tara Bandu, esta cerimónia foi feita em Timor-Leste durante muitas gerações. É uma maneira tradicional de regular a interacção entre as pessoas, e entre as pessoas e o meio ambiente – particularmente o acesso e a distribuição dos recursos naturais.

Desta vez o estado central também está representado e as decisões foram escritas em papel e on line. Estas actualizações da tradição foram organizadas com a colaboração da Cooperação Espanhola e do programa da FAO para as pescas RFLP. A população local acredita que a tradição é importante para o planeamento do acesso aos bens colectivos, para a sua distribuição e para o respeito pelo património comum. Estes são valores centrais do modelo cooperativo, o qual chegou ao país muito mais recentemente.

Leia mais sobre este assunto em : New Agriculturist (www.new-ag.info)

Halo banko proteína nian ba ita-nia balada. Crie um banco de proteínas para o seu gado.

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Banco de proteínas à base de leucena na fazenda estatal Douglas Daily (Darwin, Austrália).
Foto do autor.

Atu bele fo-han ba Ita-nia balada durante tempu bailoron Ita bele halo banku proteina nian. Karau, karau-vaca, bibi, bibi-malae ka bibi-russa sei han barak ai-tahan matak atu complementa hahán kiak ho labarak energia, proteina ka vitamina no sais minerais hanessan du'ut maran, batar kain ka nele kain.
Halo banku proteína nian fasil barak! Ita precisa kuda ai-café hanessan plantasão nee iha foto (hau-nia foto iha Douglas Daly, Austrália, fulan Maio 2003). Afoin Ita tenke taka banku atu la husik balada tama durante tempu baiudan. Toós nain bele mos kuda iha banku ai-turis, lantoro, marungi, ai-sukair ka amoreira. Quandu rai kiak, ai-café diak liu. Foto ne'e durante tempu bailoron bainira balada han ona kurakuran hotu ai-tahan ai-café nian. Balada labele estraga ai. Ita tenke hare quandu laiha tahan atu balada sai banku!

Para Timor Leste o cultivo do arroz deve ser uma prioridade

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Em Timor Leste o cultivo do arroz e a criação de novos arrozais deve ser uma prioridade absoluta. O território de Timor é muito acidentado e pouco propício à agricultura.Os terremos são de vocação florestal e a lavoura das terras para a instalação das culturas é frequentemente causa de um maior empobrecimento dos terrenos, pois é incrementada a erosão e a destruição da matéria orgânica. As zonas junto à costa são uma excepção pois são planas e enriquecidas pelos sedimentos trazidos das montanhas pelas águas e nelas podemos encontrar grandes arrozais como em Manatuto.. Como estas zonas costeiras são de reduzida dimensão, a orizicultura deve ser feita sempre que as condições topográficas o permitem por todo o interior montanhoso, no sentido de criar segurança alimentar para as populações. Os arrozais são agro-ecossistemas muito estáveis, resilientes e acumulam os nutrientes trazidos das encostas pelas águas de escorrência. A sua existência contraria a erosão dos terrenos e favorece o  meio ambiente como podemos facilmente ver nesta foto de um arrozal em Venilale (foto do Prof. António Serra). Outras zonas onde encontramos arrozais de montanha em socalcos é Baucau e Ossu.

O sincomás (Pachyrhizus erosus): uma interessante raíz comestível de Timor-Leste.

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O sincomás é uma raíz muito usada na alimentação dos timorenses. Esta planta é uma leguminosa trepadora que pode crescer até 5 m. A planta é perene rebentando todos os anos da raíz. Tem pilosidade e as flores são azuis.

Melhora os solos pelo azoto que fixa, até 200 kg/ha, pelo que se deve enterrar todos os restos da cultura.

As sementes são ricas em rotenona, um insecticida natural.

 Só a raíz é comestível, a parte aérea, caules e folhas, são venenosos. Aquela é muito saborosa, com sabor entre a batata e a pera. Come-se cru com sal ou sumo de limão, como em Portugal se come o rábano e os rabanetes. É um alimento pobre em calorias mas rico em fibras e substâncias anti-oxidantes. Possui o açúcar inulina como a batata doce. Pode produzir raízes com 23 kg!

O nome da planta em Timor deriva do filipino "sing kamas" o qual será uma deturpação de "jicama", como é chamado na sua terra natal, o México. Dai também se usar o sinónimo, "inhame mexicano". Os espanhóis levaram o sincomás para as Filipinas, pela rota do Pacífico, e daqui espalhou-se por todo o sudeste asiático.

Esta leguminosa gosta de solos ligeiros com muita matéria orgânica, por isso agradece umas pás com estrume de búfalo ou de galinha, bem curtido.É uma planta tropical e não se cultiva acima dos 1000 m nem em locais com geada. Nas zonas temperadas pode-se cultivar na Primavera, mas com baixas produções.

Talvez seja a única leguminosa de que o homem só aproveita a raíz.
Em Timor aparece por vezes à venda nos mercados de rua,.

Ita hakarak rai diak iha to'os? Então tenke kuda sincomás!

  

.Coqueiro anão em Timor-Leste.

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Só vi coqueiros anões no Hotel Roberto Carlos em Lospalos

Moto-cultivador num arrozal.

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Os moto-cultivadores substituem cada vez mais os búfalos na preparação dos canteiros. A foto não é minha, Será do Prof. António Serra?

Ai Cereja: as cerejeiras de Timor

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Ai cereja (Mutingia calabura) é uma árvore da flora timorense muito comum na costa norte da ilha de Timor assim como  nos jardins e quintais de Dili. Esta árvore nunca se faz muito grande, produzindo frutos semelhantes a cerejas. O sabor é contudo diferente, pois as cerejas da Mutingia são mais ácidas.Esta árvore tem a importante possibilidade de se desenvolver nos solos pobres das encostas, actuando como planta pioneira no controlo da erosão. Fornece abundantes frutos para as pessoas e para a avifauna e a sua cultura deve ser fomentada. A origem da Mutingia é a América Central, de onde se espalhou por todos os países tropicais (fotos do autor).







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